Mundo Recomeçado a partir da praia pura. Como poema a partir da página em branco. (Sophia)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

As Bibliotecas

"A Biblioteca protege da hostilidade exterior, filtra os ruídos do mundo, atenua o frio que reina em volta, mas confere, igualmente, uma sensação de omnipotência. Porque a biblioteca faz recuar as pobres capacidades humanas: ela é um espaço concentrado do tempo e do espaço. (1)

Reflectir sobre as formas de auto-avaliação das Bibliotecas é também pensar muito, sobre os novos quadros que se têm desenhado no campo educativo pela aproximação a novas realidades que os meios tecnológicos e as transformações na socialização trouxeram. Se a Biblioteca precisa de ser um espaço que oferece recursos, um conjunto alargado de formas e métodos de promover aprendizagens formativas, ela está no caminho para fazer da informação e do seu uso formas novas e diferentes de chegar a diferentes públicos e de formas novas.

O meios tecnológicos, as ferramentas digitais são uma oportunidade para apoiar o currículo em diferentes modos, pela abordagem que dão ao processo educativo na construção de recursos, pelas possibilidades na promoção de novos leitores, pela divulgação em comunidades nacionais e internacionais, permitindo dar à BE uma componente de dinamismo local importante. Mas existem questões por responder.

A transformação pelos recursos de formas de aprendizagem necessitam que os campos simbólicos sejam igualmente considerados. Não se pode ficar apenas pelo meio tecnológico, é necessário ter um horizonte mais ambicioso, o da ideia, o do método. Há uma evidente falta de uma estratégia de educação para os media. Em segundo lugar, as ferramentas são apenas um recurso, uma ferramenta que pode servir uma estratégia para fazer evoluir a escola para campos novos. Importa, todavia pensar a sua organização, muito amarrada a um passado, onde a hierarquização e a centralização de processos limitam a oportunidade dos indivíduos se afirmarem positivamente na escola, como organização. 

Há assim necessidade de que a imaginação tenha algumas oportunidades no sistema educativo. A escola precisa de uma ideia nova, um sentido de aprendizagem mais dinâmico que permita não perder a memória, mas estar também apta a pensar e a actuar em realidades em transformação. A Biblioteca continuará ser sempre esse guardião do passado, a sabedoria construída pelo pensamento humano, mas terá de se deslocar para novas formas. 

Instalar os seus fantasmas, as vozes dos ausentes, as personagens que pelos livros falam dos seus criadores, os quadros e tonalidades mais reconfortantes em suportes novos, mais acessíveis, diferenciados, mas sempre nesse local que nunca será integralmente humano. Há nela a confirmação de que falava Borges, «a Biblioteca como espaço é uma esfera cujo verdadeiro centro é um hexágono algures, cuja circunferência está inacessível.» (2) É por essa noção de quase divindade que importa trazer mais leitores/utilizadores a um lugar que tem qualquer coisa de divino pela forma como desenha os habitantes do espaço e do tempo.

(1);(2) Jacques Bonnet, Bibliotecas Cheios de Fantasmas, Quetzal
Imagem, in http://www.bibliocolors.blogspot.com


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